sexta-feira, dezembro 07, 2007

MEU ORFEU


Homem adorado!

Agora que não estás,
Deixa que rompa o meu peito em soluços!
Te enrustiste em minha vida;
E cada hora que passa é mais por que te amar,
A hora derrama o teu óleo de amor em mim, amado...

E sabes de uma coisa?
Cada vez que o sofrimento vem,
Essa saudade de estar perto, se longe,
Ou estar mais perto, se perto, – que é que eu sei!
Essa agonia de viver fraca, o peito extravasado, o mel correndo;
Essa incapacidade de me sentir mais eu.

Tudo isso que é bem capaz de confundir o espírito
Nada disso tem importância quando tu chegas
Com essa charla antiga, esse contentamento,
Essa harmonia.
Esse corpo!

E me dizes essas coisas
Que me dão essa força, essa coragem
Esse orgulho de rainha...

Sem ti sou nada
Sou coisa sem razão, jogada,
Sou pedra rolada.
Coisa incompreensível!

A existência sem ti
É como olhar para um relógio
Só com o ponteiro dos minutos.
Tu és a hora, és o que dá sentido
E direção ao tempo.

A beleza da vida és tu, amado!
Quem poderia pensar que eu
Ficasse assim rendida aos teus encantos?

Vai teu caminho que eu vou te seguindo no pensamento
E aqui me deixo rente, quando voltares, pela Lua cheia,
Para meus braços sem fim...



NOTA: Texto adaptado do MONÓLOGO DE ORFEU - Vinicius de Moraes & Tom Jobim

quarta-feira, dezembro 05, 2007

PASSAGEM DAS HORAS



Assim como no seu, hoje no meu também estamos separados.

Mas acordar com sua voz cantando parabéns pra mim FOI UM PRESENTÃO!!!

E Fernando Pessoa hoje me dou de presente...


PASSAGEM DAS HORAS
Álvaro de Campos

Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero. [...]

Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei [...]

Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas, [...]

Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.

Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,
Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia,
Seja uma flor ou uma idéia abstrata,
Seja uma multidão ou um modo de compreender Deus.
E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo. [...]

Multipliquei-me, para me sentir,
Para me sentir, precisei sentir tudo,
Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
Despi-me, entreguei-me,
E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente. [...]

Foram dados na minha boca os beijos de todos os encontros,
Acenaram no meu coração os lenços de todas as despedidas,
Todos os chamamentos obscenos de gesto e olhares. [...]

Sim, e o que tenho eu sido, o meu subjetivo universo,
Ó meu sol, meu luar, minhas estrelas, meu momento,
Ó parte externa de mim perdida em labirintos de Deus! [...]

terça-feira, dezembro 04, 2007

SESSÃO SAUDADE



VOCÊ FALOU PRA MIM:
Olha, você tem todas as coisas
Que um dia eu sonhei prá mim
A cabeça cheia de problemas,
Não importa eu gosto mesmo assim.
Tem os olhos cheios de esperanças...

Olha vem comigo onde eu for
Seja minha amante meu amor
Vem seguir comigo meu caminho
E viver a vida só de amor...


E EU TE RESPONDO NO MESMO TOM, MEUZAMÔ:

Eu que sempre fui tão inconstante
Te juro, meu amor, agora é pra valer...


Era solto em meus passos
Bicho livre sem rumo, sem laços...


Se chorei ou se sorri
O importante é que emoções eu vivi...


Não pensei
que me fizessem falta
umas poucas palavras
dessas coisas simples
que dizemos antes de dormir

De manhã
o bom dia na cama
a conversa informal
o beijo depois o café
o cigarro e o jornal...


Não adianta nem tentar me esquecer
Durante muito tempo em sua vida eu vou viver
Detalhes tão pequenos de nós dois...


Eu chegaria onde só chegam os pensamentos
Encontraria uma palavra que não existe
Pra te dizer nesse meu verso quase triste
Como é grande o meu amor...


No seu corpo o meu momento
É mais perfeito
E eu sinto no seu peito
O meu coração bater


Eu preciso de você
porque tudo que eu pensei que pudesse desfrutar da vida,
sem você, não sei
meu amanhecer é lindo se você comigo está
tudo é muito mais bonito num sorriso que você me dá

Eu não vivo sem você
porque tudo que eu andei.. procurando pela vida,
agora eu sei que andei sabendo
que em algum lugar te encontraria
pois você já era minha, e eu sabia


Como a abelha necessita de uma flor
eu preciso de você e desse amor
como a terra necessita o sol e a chuva, eu te preciso
e não vivo um só minuto sem você


Eu preciso de você porque em toda minha vida
nem por uma vez amei alguém assim
você é tudo, é muito mais do que eu sonhei pra mim
e é por isso que eu preciso de você...



E SÓ ME ENCONTRO SE ME PERCO NO SEU CORPO...

segunda-feira, dezembro 03, 2007

ADORO VOCÊ


Geraldo Azevedo

Começo de tudo
Não da pra saber
Passado ou futuro
Adoro você

Não só com palavras
Que a gente pode dizer

Amor para sempre
Amor quero ter
Se ontem ou amanhã
Adoro você

A vida não pára
Tempo que se tem pra viver
É agora
Hora melhor
Realizar
O futuro

Realizar
Hora melhor
É agora

Primeiro, o desejo
Depois o prazer
Até quando há lágrima
Adoro você

Não tem mais segredo
Nada que se possa esconder

No fim disso tudo
Não dá pra esquecer
Bons tempos e temporais
Adoro você

São tantas idéias
Mas com certeza não dá pra ver
O futuro
Realizar

Hora melhor
É agora

Hora melhor
Realizar
O futuro...

quinta-feira, novembro 29, 2007

IVAN LINS FALOU ANTES DE MIM...


VIESTE
Ivan Lins / Vítor Martins

Vieste na hora exata
Com ares de festa e Luas de prata
Vieste com encantos, vieste
Com beijos silvestres colhidos prá mim

Vieste com a natureza
Com as mãos camponesas plantadas em mim
Vieste com a cara e a coragem
Com malas, viagens, prá dentro de mim, meu amor

Vieste a hora e a tempo
Soltando meus barcos e velas ao vento
Vieste me dando alento
Me olhando por dentro, velando por mim

Vieste de olhos fechados
Num dia marcado sagrado prá mim
Vieste com a cara e a coragem
Com malas, viagens, prá dentro de mim, meu amor


ILUMINADOS
Ivan Lins / Vítor Martins

O amor tem feito coisas
Que até mesmo Deus duvida
Já curou desenganados
Já fechou tanta ferida

O amor junta os pedaços
Quando um coração se quebra
Mesmo que seja de aço
Mesmo que seja de pedra

Fica tão cicatrizado
Que ninguém diz que é colado
Foi assim que fez em mim
Foi assim que fez em nós
Esse amor iluminado
Esse amor iluminado
Esse amor iluminado
Esse amor iluminado


NOTA: Depois deste recado, nada mais a declarar....

terça-feira, novembro 27, 2007

AMAR É ALGO TRANSCENDENTAL E PARA POUCOS


Poucas almas são tão grandes a ponto de dar liberdade para quem amam.
A despeito de suas próprias dores.
Amar é algo transcendental e para poucos.


A SAUDADE ME TRAZ
Argemiro Patrocínio & Alberto Lonato

A saudade me traz
Quero rever alguém
Que do meu coração não sai
Eu vivo nessa agonia sem fim
Eu canto, eu bebo pra esquecer
Mas nem assim

Essa maldita saudade me devora
E da agonia
Não consigo me livrar
Por isso eu canto
E bebo pra não chorar
E meu coração desabafar.


COISA DE PELE
Jorge Aragão

Podemos sorrir, nada mais nos impede
Não dá pra fugir dessa coisa de pele
Sentida por nós, desatando os nó
Sabemos agora, nem tudo que é bom vem de fora [...]

sábado, novembro 24, 2007

OBRIGADA DEUS


Um dia pedi a Deus alguém especial.

Essa graça Ele me deu....

Não nasci saudável, fiz inúmeras cirurgias, mas acho que em alguma hora Ele teve compaixão, olhou pra mim e falou: "pra essa muleka louca vou dar um Marido com M maiúsculo, porque nenhum homem além dele vai entender essa cabeça complicada".

E Ele me deu Paulino.

sexta-feira, novembro 16, 2007

TELA


Nossa vida é uma tela em branco
Nela podemos desenhar o que quisermos

Nossa vida é um papel em branco
Nela podemos escrever o que quisermos

Mas nossos sentimentos não são virgens
Eles já existem e só podemos colocar mais sentimentos.




Acorda, vem ver a Lua
que dorme na noite escura
que surge tão bela e branca
derramando doçura
clara chama silente
ardendo meu sonhar

Melodia sentimental
Dora Vasconcelos - Villa-Lobos

sábado, novembro 03, 2007

HAI-KAI DO ABRAÇO


Abra seus braços
Prenda-me entre eles
Estou nos seus abraços...

quinta-feira, novembro 01, 2007

MÃE TERRA


Hoje vim sozinha
Esperei minha diaba cochilar
E saí de leve

Não quis a companhia dela
Queria estar diferente
Vir desarmada

Ser apenas eu
Ter apenas você
Sem coisas pré-concebidas

Hoje trouxe minha ninfa
Minha luz prateada
E minha paz

Hoje não quero ser sua mulher
Quero ser apenas mulher
Ter o colo macio

Nele deitar sua cabeça
Recolher seu cansaço
Acarinhar sua tristeza

Hoje trouxe as ervas e a música
Trouxe ungüento para o seu coração
E uma canção indígena

Vim andando
De pés no chão
Para te trazer a Mãe Terra

Hoje não trouxe a mulher
Nem trouxe a menina
Hoje só trouxe meu colo

Hoje tenho o calor do Sol
Num coração de Lua
Vem, deita no meu colo.


NOTA: Por todas nós, mulheres Bruxas.

terça-feira, outubro 30, 2007

QUE ME VENHA ESSE HOMEM


Bruna Lombardi

Que me venha esse homem
depois de alguma chuva
que me prenda de tarde
em sua teia de veludo
que me fira com os olhos
e me penetre em tudo.

Que me venha esse homem
de músculos exatos
com um desejo agreste
com um cheiro de mato
que me prenda de noite
em sua rede de braços
que me perca em seus fios
de algas e sargaços.

Que me venha com força
com gosto de desbravar
que me faça de mata
pra percorrer devagar
que me faça de rio
pra se deixar naufragar.

Que me salve esse homem
com sua febre de fogo
que me prenda no espaço
de seu passo mais louco.




NOTA: Não sei porque, mas qualquer coisa me lembra você, principalmente os belos textos da Bruna Lombardi. Acho que estou apaixonada, mas por enquanto eu só acho...

segunda-feira, outubro 29, 2007

SEU CORPO

Compositor: Roberto Carlos
(dizem, mas acredito que a música seja da Isolda mesmo, ela tinha muito mais know how para falar isso tudo de forma tão leve e sensual)



No seu corpo é que eu encontro
Depois do amor, o descanso
E essa paz infinita

No seu corpo, minhas mãos
Se deslizam e se firmam
Numa curva mais bonita

No seu corpo o meu momento
É mais perfeito
E eu sinto no seu peito
O meu coração bater

E no meio desse abraço
É que eu me amasso
E me entrego pra você

E continua a viagem
No meio dessa paisagem
Onde tudo me fascina

E me deixo ser levado
Por um caminho encantado
Que a natureza me ensina

E embora eu já conheça bem
Os seus caminhos

Me envolvo e sou tragado
Pelos seus carinhos

E só me encontro se me perco
No seu corpo


NOTA: Eu não sei se preciso falar algo. Não sei se conseguiria expressar melhor meu amor e minha saudade mais do que já foi dito na música.


PAIXÃO

Seus toques são os mais perfeitos
Seus beijos os que me enfeitam
Seu cheiro, o melhor que já senti

Seus dedos moldam minha alma
Seus gestos me conduzem
Seu querer faz com que nossas almas se fundam

Seu gosto é meu gosto
Suas vontades faço com prazer
Seu orgasmo, meu êxtase

Seu corpo, meu porto
Meu corpo, sua ilha
Minhas vontades? Conheces!

Seu cansaço, minha plenitude
Seu dormir, meu abandonar
E nossa cama, nosso mar...

sexta-feira, outubro 19, 2007

HOJE


Hoje você me faz falta...

Na casa

Na vida

No banho

Na cama

Na praia

No comungar

Na brincadeira

Na janela

No silêncio

Nas verdades

Nas mentiras

No ar

Na noite

Na chuva

No sol

Na minha alma

Na caminhada

No meu corpo

E que triunfe a força da imaginação....




Hoje eu quero a rua cheia de sorrisos francos
De rostos serenos, de palavras soltas
Eu quero a rua toda parecendo louca
Com gente gritando e se abraçando ao sol

Hoje eu quero ver a bola da criança livre
Quero ver os sonhos todos nas janelas
Quero ver vocês andando por aí

Hoje eu vou pedir desculpas pelo que eu não disse
Eu até desculpo o que você falou
Eu quero ver meu coração no seu sorriso
E no olho da tarde a primeira luz

Hoje eu quero que os boêmios gritem bem mais alto
Eu quero um carnaval no engarrafamento
E que dez mil estrelas vão riscando o céu
Buscando a sua casa no amanhecer

Hoje eu vou fazer barulho pela madrugada
Rasgar a noite escura como um lampião
Eu vou fazer seresta na sua calçada
Eu vou fazer misérias no seu coração

Hoje eu quero que os poetas dancem pela rua
Pra escrever a música sem pretensão
Eu quero que as buzinas toquem flauta-doce
E que triunfe a força da imaginação.

(Sem Mandamentos - Oswaldo Montenegro)

domingo, outubro 14, 2007

EU TE AMO

quinta-feira, outubro 04, 2007

FELIZ ANIVERSÁRIO


Meuzamô, acho que este é o primeiro em 23 anos que passamos separados, mas de alguma forma a vida quis assim.

Mas estarmos separados fisicamente não quer dizer que também estejamos de almas separadas, pelo contrário. Converso com você todo dia quando tomo banho e conto, em silêncio, o quanto te amo e o quanto você me faz falta. A cama fica muito grande e muito fria sem você e eu ando pela casa como uma alma penada que perdeu seu corpo temporariamente.

Sei que sempre fui considerada meio maluquinha pela minha família, alguns amigos e amigas, mas sei que tudo era culpa da imensa vontade que eu tinha de encontrar meu porto seguro, minha ilha chamada Paulino, e se você quiser e o "Dono do Cosmos" permitir, por mim ainda está de pé de nos encontrarmos na próxima encarnação porque acho que uma só é muito pouco para o tanto que te amo.

Um dia você me deu uma música de presente, acho que a melhor que eu já ouvi. Foi quando casamos. Hoje dou de presente a mesma música, que tem uma letra só nossa:


Você não sabe quanta coisa eu faria
Além do que já fiz
Você não sabe até onde eu chegaria
Pra te fazer feliz

Eu chegaria
Onde só chegam os pensamentos
Encontraria uma palavra que não existe
Pra te dizer nesse meu verso quase triste
Como é grande o meu amor...

Você não sabe que os anseios do seu coração
São muito mais pra mim
Do que as razões que eu tenha
Pra dizer que não
E eu sempre digo sim

E ainda que a realidade me limite
A fantasia dos meus sonhos me permite
Que eu faça mais do que as loucuras
Que já fiz pra te fazer feliz

Você só sabe
Que eu te amo tanto
Mas na verdade
Meu amor não sabe o quanto
E se soubesse iria compreender
Razões que só quem ama assim pode entender

Você não sabe quanta coisa eu faria
Por um sorriso seu
Você não sabe
Até onde chegaria
Amor igual ao meu

Mas se preciso for
Eu faço muito mais
Mesmo que eu sofra
Ainda assim eu sou capaz
De muito mais
Do que as loucuras que já fiz
Pra te fazer feliz.
(Você não sabe - Roberto Carlos)


De presente só te desejo uma vida longa, pois da sua depende a minha.

Beijos

quinta-feira, setembro 06, 2007

OLHOS NOS OLHOS


"Quando talvez precisar de mim
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim"

***************************

"Vem que eu te quero fraco,
Vem que eu te quero tolo
Vem que eu te quero todo meu"


(Olhos nos olhos - Chico Buarque)




E te saber sendo meu é o que me faz ser uma mulher feliz.


.

domingo, agosto 26, 2007

CAÇADOR


Foto: Borghetti

Chegou com olhar faminto
Pegou sua arma
Disparou

Clic!
Não tinha bala
Só o clic

Ela se assustou
Olhou aquele estranho
Olhar de caçador

Cheiro de bicho no cio
Ela salivando
Ele espreitando

Clic!
Ela se vira
Olha o olho

Ela ri
Clic!
Ele baba

Clic!
Clic!
Clic!

Encontram-se de novo
Na exposição das fotos
Ele ri

Ela gosta
Vinho?
Vinho!

Ela vai
Ele vem
Eles vão.

sábado, agosto 25, 2007

POR QUIEN MERECE AMOR

Silvio Rodriguez



¿Te molesta mi amor?
Mi amor de juventud,
y mi amor es un arte
en virtud.

¿Te molesta mi amor?
Mi amor sin antifaz,
y mi amor es un arte
de paz.

Mi amor es mi prenda encantada,
es mi extensa morada,
es mi espacio sin fin.
Mi amor no precisa fronteras;
como la primavera,
no prefiere jardín.

Mi amor no es amor de mercado,
porque un amor sangrado
no es amor de lucrar.
Mi amor es todo cuanto tengo;
si lo niego o lo vendo,
¿para qué respirar?

¿Te molesta mi amor?
Mi amor de humanidad,
y mi amor es un arte
en su edad.

¿Te molesta mi amor?
Mi amor de surtidor,
y mi amor es un arte
mayor.

Mi amor no es amor de uno solo,
sino alma de todo
lo que urge sanar.
Mi amor es un amor de abajo
que el devenir me trajo
para hacerlo empinar.

Mi amor, el más enamorado,
es del más olvidado
en su antiguo dolor.
Mi amor abre pecho a la muerte
y despeña su suerte
por un tiempo mejor.
Mi amor, este amor aguerrido,
es un sol encendido,
por quién merece amor.

quinta-feira, julho 12, 2007

DIA DOS NAMORADOS



Ele estava pensando que seria uma comemoração comum, que íamos sair para um jantarzinho e terminar a noite em algum motel na periferia da cidade, mas daquela vez eu queria algo realmente especial, e como adoro montar "cenários" comecei a pensar alguns dias antes o que eu iria inventar dessa vez. E a primeira coisa que me veio à cabeça foi: Dessa vez vamos para um hotel lindíssimo e não um motel qualquer, pois vamos brincar de gente grande. E isso pedia uma decisão: eu teria que seqüestrá-lo.

Na véspera fui às compras e procurei os morangos mais bonitos, um champanhe especial, uma cueca preta de malha de perninhas - tipo canção sem sambar - e um conjunto de calcinha e sutiã pretos. Escolhi o hotel, mas não fiz reserva, pois sabia que fora de temporada ele não estaria cheio.

À tarde fui para o salão, fiz pés, mãos, depilação e ainda muito cínica pedi para que ele escolhesse a cor do esmalte. Na falta do preto optamos pelo café. Chegando em casa, coloquei a champanhe e a caixa de morangos para gelar, separei uma roupa bonita para ele. Embrulhei o presente especial que eu queria dar. Tomei duas latinhas de cerveja pra relaxar e não por tudo a perder antes da hora.

Tomei um banho super-hiper-caprichado, com direito a mil massagens de cremes nos cabelos e óleo no corpo. Escolhi uma roupa que sei que ele gosta, troquei as velhas e boas argolas de prata das orelhas por um par de brilhantes que herdei da minha mãe e me apresentei cheirosa e bonita. Vi um brilho de denúncia naqueles olhinhos infantis. Eles me confidenciaram que eu estava agradando.

Obviamente fui dirigindo já que se tratava de um seqüestro. Ele perguntando aonde íamos, já que o caminho dos restaurantes e dos motéis é outro, mas por ser surpresa não falei. Parei na porta do hotel e ele arregalou os olhos.
- Aqui? Ele perguntou.
- É! Aqui! Respondi.

No estacionamento decidi dar meu presente especial. Ele perguntou se eu não queria dar lá no quarto e respondi secamente:
- Não, pode abrir aqui mesmo...

Era um saquinho com um laço enorme e minha calcinha dentro. Ele abriu no estacionamento e começou a olhar em volta e rir meio sem graça. Aí eu falei baixinho:
- Depois devolve porque estou sem ela. Ele foi à loucura.

Subimos para o quarto, escolhemos o jantar, peguei o telefone e liguei pra cozinha. Além do jantar pedi que um balde com gelo viesse antes. Dentro de uma maleta tinha a champanhe, os morangos especiais, nossas duas taças e algumas velas perfumadas.

Quando o balde chegou arrumei a mesa, acendi as velas pelo quarto, coloquei os morangos em outras duas taças e enquanto esperávamos o jantar ele abriu o champanhe.

Fomos para a varanda conversar e namorar um pouco. Ele me abraçava por trás, eu passava a mão "nele" e ríamos.
- Puxa eu trouxe tudo isso para nós e você só trouxe o drops no bolso?

Ele respondeu:
- É drops de caramelo, quer?

No meio das brincadeiras na varanda toca a campainha, era o garçom com o jantar.

O que aconteceu depois nem preciso contar...



"Ah, esse cara tem me consumido
A mim e a tudo que eu quis
Com seus olhinhos infantis
Com os olhos de um bandido
Ele está na minha vida porque quer
Eu estou para o que der e vier"
(Cazuza)



NOTA: Postei hoje e não no dia dos namorados porque acho que quando se ama todo dia é dia de namorar.

quinta-feira, julho 05, 2007

SEI



Das minhas dores
Amores
Das buscas
Vãs

Dos meus medos
Corpos
Dos desejos
Segredos

Dos gritos
Inquietação
Minhas vontades
Estradas

Minhas buscas
Lancinantes
Bichos
Que espreitam

Sangue
Que cheiras
Vinho
Que bebes

Vontade
Que tens
Rastros
Que apagas

Indícios
Que me entorpece
Tesão
Que vivo

quarta-feira, julho 04, 2007

FOGO



Ele segurava
Entre as mãos
Seu cachimbo

Ela levava
Entre os dedos
Um cigarro

As fumaças se achando
Cachimbo e cigarro largados
El ees se amando...

quarta-feira, abril 25, 2007

CHEIRO


Procuro cheiro nas pegadas
Por onde passa
Procuro vestígios de você
Sinto-o andar
Ouço passos no vazio

E como uma brincadeira
De crianças
Inventamos jogos
Jogos sensuais

Quero redescobrir o sal da vida
A festa e o fim da festa
A Lua nos corpos
A paixão no abraçar

Quero meu coração batendo louco
Nos cinco últimos minutos antes de te ver
Quero minha carne se dissolvendo em amor
Nos cinco primeiros minutos de você

Quero essa coisa de pensar
E ficar molhada
Mesmo sem você me tocar
Precisa?

Tenho urgência nesse querer
Porque te quero
Quero pra ontem, quero agora
Quero amanhã e sempre.

sexta-feira, março 23, 2007

ERA


Não era por pressa que meu coração
Descompassava meus instintos
Era ansiedade

Tomei um banho carinhoso
Depilada, cheirosa e úmida
Era saudade

Escolhi sua blusa preferida
Creme no corpo inteiro
Era paixão

Fui até nossa árvore
Saudades flutuavam dentro de mim
Era ninfa

Sua vontade eu sentia
Minha liberdade, eu abdicaria
Era prisão

Sentindo o mundo rodar
Esperei
Era eternidade

Vieram as rugas
Você não
Era apenas solidão.

sábado, março 10, 2007

CANTIGA PARA NÃO MORRER


Ferreira Gullar

Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

terça-feira, março 06, 2007

VULCÃO

Li em algum lugar e gostei...


Não, não vou mentir...
Você é um vulcão
Arde em chamas e fogo
Incendeia quem se aproxima
Se pega vira pedra
Cinzas e pó
Por quê?
Tão quente e tão suave
Tão fresca e lascivante
Tão gente, tão mística
Tão humana e tão deusa
Quem é você afinal?
Sem mascaras num corpo de mulher
Esgarça todo o nosso ser
Dele fez subjugar-se aos tentáculos
Ama,
Atraia,
Envolve,
Acasala,
Enrola,
Imola,
Enternece,
Triunfa
Extasia...
São tantos ais
Tantas coisas no arfar
Delírios mil e sem fim
Caminhar em nuvens
Pousar no espaço
Ser iluminado e ser
Seres mais do que o pensado
Ser o "eu" menos do que o imaginado
Minha guerra,
Minha derrota,
Muita luta,
Muito Amor.


Como valeu!
AA

sexta-feira, março 02, 2007

PARODIANDO

Bruna Lombardi


O que eu amo em ti
não é esse jeito de cereja
e esse olhar de seis da tarde
não é essa mania de andar bolerodiando
nem mesmo a tua educadez

O que eu amo em ti
não é essa tua boca de vinho
nem o teu piano. Tocas. E nem é isso.
Os livros que leste, nem mesmo
o que sabes ou não sabes
Não é tampouco o teu ambicionismo
ou teu traço de desenho ou o compasso.

Nem teu andando em lenta marcha vagarosa
nem a doçura, a ternura, a candura,
a loucura, a pura frescura tua de alface...
nem mesmo teu cheiro de alface
teu cheiro de ar com um resto de perfume
nem teu carro (com ar condicionado)
nem teu cachorro
não, não é nem isso que eu amo em ti.

O que eu amo em ti
não é a tua preguiça esticada ao sol
emsombreada de impressionismo
não são os silêncios de que és feito
nem o instante que povoas
ou o mistério que às vezes te povoa,
Não é esse ar letárgico, trágico, trístico,
tanguístico, místico com que te sentas na cadeira
ou acendes um cigarro
somente para por um pouco de fumaça
entre ti mesmo e o mundo

Não é tua voz irônica e sábia
que me preenche os brancos da cabeça
nem mesmo tua cabeça ou tua espiritualidade
ou tua força, tua certeza ou tua fragilidade
Acaso tua beleza? Não, nem é isso.

Nem mesmo o que eu amo em ti
é a tua gargalhada
que transpassa meu ouvido
cheia de espuma e sol de agosto
com gosto de aventura
ou o teu beijo
que cada vez me sabe a uma coisa
mas é sempre tão beijável.

Não é teu jogo de tênis (tão branco de propaganda)
recortado no horizonte,
nem teu corpo plástico, elástico, cheio de fluxos
e de percursos de vibração.
Não é bem isso.

Nessa sucessão constante de agoras
o que eu amo em ti
não é o que refletes de improviso
nem é o inesperável
nem o superalgo

O que eu amo em ti
...são as rugas, meu amor, as rugas...


NOTA: Esta não escrevi para o "Senhor das minhas noites" porque a Bruna escreveu tão bem antes de mim. Mas saiba, "Dono dos meus dias" que ela escreveu justamente o que mais admiro em você: as rugas que, ao longo da nossa relação, vi nascer.

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

SÓ HOJE...


Hoje não quero falar
Nem quero gente
Quero apenas ficar aqui
Em silêncio...
Sentindo seu cheiro
Ouvindo sua respiração ofegante
Te fazendo carinho
Sentindo suas mãos
Hoje não quero nem pensar
Quero apenas sentir...
E que as crianças silenciem
O sol se apague
Incensos queimem
Músicas parem
Porque hoje não quero nada ouvir
Quero apenas amar.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

VINCENT


Esse texto não terá muito sentido se antes você não clicar aqui: VINCENT.
Deixe a música começar e só então leia o conto.


VINCENT


Mariana tinha acabado de chegar à cabana que reservou pela internet. Não conhecia a cidade, mas estava cansada de calor, vivia a quase 30 anos numa cidade muito quente e aproveitou o inverno para curtir um pouco do frio. Não tinha roupa adequada para o frio que estava fazendo ali. Pensou em chegar, descansar um pouco, tomar um banho e dar uma caminhada pela cidade. Ver algumas lojas, comprar algo bem mais quente do que as poucas roupas de inverno que tinha.

Quando chegou ao hotel estava, servido um café colonial matutino. Ela foi até o restaurante e tomou um chá bem quente, pois isso aquecia sua alma, comeu algumas coisas deliciosas, como as tortas que só a cozinha alemã tem e voltou à cabana para arrumar suas coisas e descansar um pouco da viagem.

Depois de tudo arrumado e de um bom banho quente não sentia mais o corpo cansado e decidiu adiar o descanso, preferindo ir para a rua andar um pouco.

Logo depois do almoço pegou sua máquina fotográfica e saiu a pé. Comprou algumas coisas que precisava; entre outras coisas um casaco pesado, um par de botas com pêlos por dentro e um par de luvas do mesmo jeito e cor, um cachecol e uma boina de xadrez. Quando voltava para o hotel viu passar uma charrete com um rapaz dentro, "bonito rapaz", pensou. Virando a esquina viu um ponto de charreteiros e decidiu dar um passeio também. O charreteiro sugeriu que subissem à montanha. Era um passeio de um pouco mais de meia hora, mas o horário era propício. O sol já ia se por e era um dos lugares mais belos da região para se ver o poente entre as montanhas de picos congelados. E lá estava, em cima de uma montanha bem alta, vendo o sol morrer e fotografando tudo. Os picos das montanhas mais altas de um branco azulado passando a rosa com os últimos raios de sol, e logo depois lilás, era uma visão deslumbrante. Quando se deu conta viu que tinha um rapaz sentado bem perto dela, também vendo o sol se por, apenas vendo.

- Olá, muito prazer, meu nome é Vincent, ele disse.
- Oi, o meu Mariana. Muito prazer.

Eles conversaram um pouco, ele estava na cidade a negócios, e teria que permanecer lá por, pelo menos, uma semana. Estava começando a escurecer e era mais seguro que descessem, pois a montanha era muito íngreme e não tinha boa iluminação. Cada um toma sua charrete e começam a descer.

Quando chega à sua cabana acha que tomar um banho de banheira acompanhado de uma taça de vinho tinto vai bem para um frio que não estava acostumada. A água quente e o vinho fazem com que ela relaxe e sonhe um pouco na banheira. Vincent, bonito nome, ela pensa, assim como também é um bonito rapaz. Escolhe um vestido de veludo preto para o jantar, um pouco decotado, mas bem quentinho e um xale vai esconder um pouco o que o decote insiste em mostrar.

Ela se arruma, prende seus longos cabelos pretos em um coque e dá uma última olhada no espelho. O batom cor de terra clarinho compõe e ela gosta da imagem que vê no espelho.

Caminha até o restaurante. A noite é fria, porém a Lua deixa o caminho muito claro e bonito. Sente alguém que chega devagar por trás e se vira. É Vincent que está em uma cabana perto da sua. Ela se surpreende, pois à tarde esqueceram de dizer ou perguntar onde estavam hospedados. Ele chega perto e exclama:

- Puxa! Como você está bonita! Acho que será a mulher mais bonita dessa noite. Teremos um jantar dançante você sabia?
- Não, responde ela, cheguei hoje de manhã, arrumei minhas coisas e logo saí, acho que esqueci de ler a programação da semana.
- Pois é, mas sou justamente quem organiza a programação daqui, por isso eu sei. Este hotel faz parte de uma cadeia hoteleira e eu organizo a programação de toda a rede.

Vincent convida Mariana para jantar com ele. Depois do jantar e de algumas taças de vinho começa a tocar uma música de Tracy Chapman chamada Fast Car e ele a convida para dançar.

- Você dança muito bem, Mariana.
- Que bom que você acha isso, ou eu morreria de fome. Tenho uma academia de dança de salão.

Os dois riem. Não sabiam nada um do outro e agora ela dança com o promoter do hotel e ele convida, justamente, uma professora para dançar.

A noite passa rápido e eles nem sentem. Ela decide que é hora de ir para o chalé e Vincent a acompanha. Vão pelo caminho mais longo, mas o mais bonito, onde fica o lago que a essa hora está com todos os barcos no ancoradouro e uma Lua maravilhosa refletindo na água parada como se fosse um espelho. Mal se sentam num dos bancos do lago e Vincent vira o rosto de Mariana, toca seus lábios com tanta leveza, que ficam encabulados, em silêncio, e é ele que o quebra.

- Desculpa Mariana, mas não resisti a este beijo que, por mim, já teria sido dado enquanto dançávamos.
- Não sei Vincent, mas acho que as coisas estão indo um pouco rápidas. Só não tenho o que desculpar, a partir do momento que eu também queria esse beijo.

A partir disso se abraçaram e beijaram como antigos namorados que se perderam pela vida e ao se acharem não querem mais perder um tempo precioso com vergonhas bobas. E em um dos beijos Mariana sente a mão de Vincent tocar seus seios de uma forma forte, cheio de vontades que ela também tem.

Am mãos de Vincent livram Mariana do xale e percorrem seu corpo sem que os lábios se separem e ela não sabe mais se são os beijos ou as taças de vinho que a fazem ferver.

Vincent com a voz rouca fala:

- Melhor irmos, não acha? Ou não respondo por mim nesse banco do lago.
- Quando chegam perto da cabana de Mariana, Vincent pergunta se será convidado para o último vinho da noite. Mariana ri e pergunta:
- Quer?
- Lógico que sim! Responde ele. Só que vamos fazer uma coisa, enquanto você se arruma vou à minha cabana buscar um vinho para nós dois.

Ela se vira para entrar na cabana e ele a puxa de volta, dá um beijo em seu pescoço e fala baixinho:

- Me espere de camisola, por favor.

Mariana se sente arrepiar inteira. E tenta falar algo:

- Mas Vincent... Não termina a frase, um beijo a faz calar. Ele se vira e vai à direção da sua cabana.

Mariana entra e sente muito frio. Arrasta o tapete de pele de urso e coloca algumas almofadas em cima dele em frente à lareira; Pega um pouco de lenha e uma mesa de centro e coloca perto da lareira, em cima algumas velas e um incenso, duas taças de cristal. Olha em volta e gosta do que vê. Vai até o quarto e põe a camisola e o robe. Uma gota de perfume é o suficiente.

Escolhe uma música suave e sente que Vincent chegou. Chegou acendendo a lareira, as velas e o incenso. O chalé começa a ficar quentinho e muito aconchegante. Ele está lindo todo de preto. Uma camisa de flanela, calças, roupão de veludo e chapéu para se abrigar da neve que começa a cair em flocos miúdos. Quando Mariana entra na sala ele fala:

- Você está deslumbrante! E pergunta:
- Já viu neve?

Ela se assusta.
- Não! Por quê? Está nevando?
- Sim. Vincent enche as duas taças de vinho, pega sua mão e a leva até a janela. A pouca luz interior e a Lua cheia lá fora fazem com que a visão da neve caindo seja algo mágico para ela. Ele a abraça por trás e fica alguns minutos vendo aqueles floquinhos caindo, enquanto Vincent fala baixinho ao seu ouvido:

- Sei que você vai achar loucura, ou infantilidade minha, mas sei que quero você Mariana, e não apenas por uma noite, não só por essa noite. Também não sei por quantas noites, mas a quero por todas as manhãs, tardes, noites e madrugadas que pudermos sentir o que estamos sentindo hoje. Você é uma mulher especial! Além de muito bonita! E eu não quero mais perdê-la de vista. Nunca acreditei em amor à primeira vista, mas quando eu estava na charrete indo para a montanha e você passou, algo em mim se quebrou em mil cacos e eu já não me conhecia mais. Quando você chegou lá na montanha e ficou fotografando o por do sol eu pensei: “quero essa mulher, pois sei que ela é minha, eu a buscava e ela chegou”. Estar aqui te abraçando e vendo a neve é um sonho para mim.

Mariana apenas se virou de frente para ele e falou: "sinto o mesmo". O abraço e os beijos fizeram que os únicos sons da sala fossem o crepitar do fogo e as músicas deliciosas que tocavam baixinho. Ele coloca vinho na boca, encosta na dela e passa o líquido bem lentamente para dentro da sua boca. Essa forma nova de tomar vinho deixa Mariana quase em êxtase.

Sem parar de se beijarem e de brincarem com o vinho, indo e vindo nas bocas, ela solta a faixa do roupão dele, assim como seu robe e logo depois a camisa dele. Vincent a acaricia por baixo da camisola e ela sente que seu corpo pede as mãos, a boca... Pede ele.

Tiram as últimas peças de roupa e ele a puxa para perto das velas e da lareira. Ficam se olhando. Corpos nus, os seios dela subindo e descendo numa respiração de quem não cabe em si.

Vincent a deita na pele do urso, derrama pingos de vinho em Mariana que geme baixinho. Ele lambe cada pingo do vinho que cai na barriga, nos seios e finalmente nos seus pelos. Ela explode em mil fogos naturais na boca de Vincent e numa dessas explosões o sente ocupando todo o seu espaço interior.

O dia começa a amanhecer, o céu a arroxear e Vincent puxa Mariana para que ela deite no seu ombro. Pega uma manta grossa, cobre os dois corpos nus e exaustos de tanto amar. Nessa hora começa a tocar uma música antiga: Don Maclen cantando Vincent.

Esta música é para se ouvir quietinha, num inverno, plena de amor, perto de uma lareira, tomando um vinho tinto, ouvindo a chuva ou a neve fazer barulhinho na janela, deitada numa pele e abraçada a um urso.

sábado, fevereiro 17, 2007

TEM HORAS...


Tem horas que sua presença incomoda
Tem horas que sua ausência dói.

sábado, fevereiro 10, 2007

DESENHO DE GIZ

João Bosco


Quem quer viver um amor
Mas não quer suas marcas, qualquer cicatriz
A ilusão do amor
Não é risco na areia, é desenho de giz

Eu sei que vocês vão dizer
A questão é querer, desejar, decidir
Aí diz o meu coração
Que prazer tem bater se ele não vai ouvir?

Aí minha boca me diz
Que prazer tem sorrir
Se ele não me sorri também?
Quem pode querer ser feliz
Se não for por um grande amor?


ai ai ai

Eu sei que vocês vão dizer
A questão é querer desejar, decidir
Aí diz o meu coração
Que prazer tem bater se ele não vai ouvir?
Cantar, mas me diga prá quê?

E o que vou sonhar
Só querendo escapar à dor?
Quem pode querer ser feliz
Se não for por amor?

NOTA: Eu gostaria de saber quem conecta via: Zahav Internet, Israel

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

REQUIEM POR UM INOCENTE


Não se comete uma violência com uma só pessoa.

Toda violência contra uma pessoa, uma família, é cometida também contra uma nação, contra a raça humana.

Os humanos empobrecem a cada ato violento cometido contra seu semelhante.

E nada fazemos para mudar o curso desta história.

Até quando?


MÚSICA:
Étude nº3 -Mi maior - Chopin
OBS: O link não funciona bem no Firefox, só no IE.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

PAI


Não gosto de datas pré-estabelecidas, dia disso, dia daquilo. Acho isso tudo tão comercial.

Nunca senti necessidade de um dia especial para lembrar que meu pai.

Não preciso de uma data para olhar as flores que nascem no jardim da minha casa e lembrar que ele as adorava tanto que ia às pracinhas à noite roubar mudas.

Não preciso de um dia dos pais para olhar os canários que comem as sementinhas que botamos pra eles e lembrar que meu pai criava canários e os amava, ficava horas perto deles e conhecia de longe o canto da cada um, como se fosse seus filhos falando.

Sua morte não foi um corte na nossa relação, nos relacionamos até hoje.

Quando vim morar nessa casa, olhei para ela, andei pelo jardim e pensei: "Linda, né pai? Você vai gostar de vir me visitar aqui. Ela tem plantas e canários, tem eu, seu genro, seus netos e bisneto, e sei que você passeia entre a gente porque mesmo não te vendo eu te sinto por aqui".

Não preciso de um dia especial, só preciso fechar os olhos, abrir a alma para me sentir indo ao encontro dele, me sentir abraçada e saber que continuo sendo amada por ele.

Na Terra ele foi um homem muito simples sem ter tido a possibilidade de estudar muito, mas tinha muita sabedoria acumulada no espírito e soube me ensinar coisas simples. Soube me fazer ver a força do respeito pelas coisas vivas, soube me ensinar que quando trapaceamos estamos enganando a nós mesmos e quando caímos o melhor que temos a fazer é levantar, bater o pó da bunda e tocar em frente, sabendo que outras quedas virão, e que isso faz parte da escola de vida.

Ele me ensinou a por o coração na frente das decisões, mas antes disso fazer cálculos racionais meticulosos para diminuir a margem de erro.

Ele me ensinou a não ser submissa e a lutar até o fim pelo que eu quero e me falava para não abrir mão dos meus princípios, se eu tivesse certeza que estou com a razão.

Quando andávamos pelas ruas do Rio e eu era uma menina de pernas curtas, ele dava passos longos e eu queria acompanhar. Isso me fez não ter medo de dar passos longos na vida.

Ele me ensinou que devemos chegar onde nossa mão alcança, mas sempre me falava que os bons negócios da vida dele foram feitos quando não tinha dinheiro, mas sim muita garra para consegui-los.

Ele me ensinou a amar as coisas e ter certeza que o homem é imortal, pois seus atos ficam gravados na memória dos outros homens.

E eu o amo porque ele fez de mim uma pessoa honesta e corajosa.

Como escreveu Hermann Hesse: SER É OUSAR SER.

E ele me ensinou a ser ousada.

Onde você estiver, obrigada pai e parabéns pelos 80 anos que faria hoje.

sábado, fevereiro 03, 2007

FALSO BRILHANTE

João Bosco


O amor é um falso brilhante no dedo da debutante.

O amor é um disparate na mala do mascate, macacos tocam tambor.

O amor é um mascarado, a patada da fera na cara do domador.

O amor sempre foi o causador da queda da trapezista pelo motociclista do globo da morte.

O amor é de morte.

Faz a odalisca atear fogo às vestes e o dominó beber água-raz.

O amor é demais! Me fez pintar os cabelos, me fez dobrar os joelhos, me faz tirar coelhos da cartola surrada da esperança.

O amor é uma criança.

E o mesmo diante da hora fatal o amor me dará forças pro grito de carnaval, pro canto do cisne, pra gargalhada final.

domingo, janeiro 28, 2007

PÊNDULO


Nunca entendi
Se você se apoderou
do pêndulo que falta
à minha busca de centralização
Ou
se eu nunca tive esse pêndulo...

quarta-feira, janeiro 24, 2007

SER POETA (Perdidamente)

Achado no blog ante et post



Foto achada na net, desconheço a autoria.

Se clicar aqui em Ser Poeta você pode ouvir a música.

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhas de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dize-lo cantando a toda a gente!

Interpretado por: Trovante
Música: João Gil
Letra: Florbela Espanca

domingo, janeiro 21, 2007

ANSIEDADE


Se me dizes: chego às nove.
Às seis já te espero, ansiosa, é horrível esperar.
Às sete ando a casa toda, todos os detalhes.
Às oito, além de andar a casa toda, consigo andar pelas paredes.
Às cinco para às nove, quem me encostar leva choque, fico elétrica.
Às nove, acho que morrestes ou te mataram, porque senão, quem te mata sou eu.
Às nove e meia, quase jogo tudo pela janela, de ódio.
Às dez tu chegas.
Cheio de desculpas.
Mas só de te ver,
Desmonto indefesa.

sábado, janeiro 20, 2007

SATISFAZER UMA MULHER


É tão fácil satisfazer uma mulher...
Porque os homens não sabem?
Ou sabem e não querem?

Tudo depende da soma
Soma-se vontade
À intuição...

A um pouco de romantismo
Soma-se duas velas
Brancas

A um pouco de habilidade
Soma-se dois pratos
Culinária diversa

A um pouco de harmonia
Soma-se música
Da alma

A um pouco de liberdade
Soma-se um vinho para relaxar
Libido

A um pouco de criatividade
Soma-se um telhado
Abandonado

A um pouco de previsão
Soma-se conforto
Um edredom

A um pouco de perspicácia
Soma-se prevenção
Preservativos

A um pouco de tesão
Soma-se, soma-se, soma-se
A união.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

DONO


Dono dos meus dias
Senhor das minhas noites
Que habita minha alma

Meu parceiro
Meu amigo
Meu cúmplice

Mão amiga nas noites quentes
Corpo que me aquece nas frias
Meu menino de olhos perdidos

Bicho da madrugada
Me amando
Me deixando livre para amar

Respiramos o mesmo ar
Queremos as mesmas coisas
Jogamos os mesmos jogos

Sempre e sempre
Assim se fez
Assim será.


OBS: "Dono", assim como a maioria dos poemas colocados nesse blog, foi escrito pensando no homem que tem sido meu companheiro de vida por mais de 20 anos.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

BEIJO DE SANGUE


Respirar não me saciava mais
Meu corpo precisava respirar fogo
Narinas dilatadas
Olhar atento

Farejo e sinto o gosto
Você em minha boca
Respiro pela boca

Seu pelo sente meu brilho
Ouço uivos lancinantes
Vindo de úteros vazios

Caminho farejando
O fogo do seu cheiro
Sem te ver

Sem me ver
Seus olhos ardem
Abre minhas narinas

Sente meu gosto
Sinto seu cheiro
Bichos sedentos

A Lua se esconde
O vento vira
E me pergunto

Você me deixará com seu gosto?
Ou se deixará trucidar
Mergulhado em beijos de sangue?

segunda-feira, janeiro 08, 2007

SONHAR


Gosto de sonhar...
Se me trancarem a porta da realidade
Fujo pela janela dos sonhos

Gosto de sonhar que vôo
Se não posso voar
Navego

Se ao navegar
Não puder ir
Eu ando

Se ao andar
Alguém me barrar
Eu imagino

E ao imaginar
Nada mais
Vai me deter

Posso ser
O que não fui
Mas um dia serei.

domingo, janeiro 07, 2007

A CORTESÃ


Os olhos dessa cortesã que insiste em me habitar
Vêem o tempo e através do tempo
Loucos como Van Gogh
Corta seus pedaços como orelhas
O fio do corte atinge toda sua pele
Todo seu corpo

Os olhos dessa cortesã
Sabe as paixões,
Sabe o fogo que vai na Alma
Tudo vira voz
Tudo vira som e música

Os gemidos da cortesã
É a voz gritada, presa,
Solta o som
O grito vindo do útero
Quer seu centauro preso
Quer libertar seu centauro
Num louco galope

Ah! Os olhos dessa cortesã
Galopam em cacos, pedaços mil,
A esparramar-se pelo mundo
Seus olhos querem a Alma
Sua Alma quer outros olhos

A mulher que habita essa cortesã
Ah! A mulher que habita essa cortesã
Uma louca Van Gogh
Uma louca de amor
Ah! Essa cortesã
Nunca será dominada
Nasceu do signo da paixão.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

MARINHEIRO & MOTOCICLISTA


Em que difere um marinheiro de um motociclista?
Em nada!
Amamos o vento e o espaço que nos faz plenos.
Amamos o risco e a energia de sentirmos a natureza próxima de nós.
Amamos o sal, o sol, as estrelas companheiras e os povos que conhecemos.
Amamos a dor, o cansaço, as cãibras e tudo o que nos faz sentir que estamos vivos.
Amamos nosso barco, nossa moto, nossos pés que estão sempre a nos levar a algum lugar.
Amamos ir e vir, içar velas, tocar o acelerador e acelerar.
Amamos ouvir o vento bater nas velas ou senti-lo no nosso corpo.
Amamos em cima de uma moto o que um marinheiro ama seu mar.

Melanie


Hoje ouvi essa música de Linhares Barbosa & Arthur Ribeiro e foi ela que me inspirou a escrever o texto acima.


MARUJO PORTUGUÊS
Linhares Barbosa & Arthur Ribeiro

"Quando ele passa, o marujo portugues
Nao anda, passa a bailar, como ao sabor das marés
E quando se jinga, põe tal jeito, faz tal proa
Só para que se nao distinga
Se é corpo humano ou canoa
Chega a Lisboa, salta do barco num salto
Vai parar à Madragoa ou entao ao Bairro Alto
Entra em Alfama e faz de Alfama o convés
Ha sempre um Vasco da Gama num marujo portugués

Quando ele passa com seu alcache vistoso
Traz sempre pedras de sal no olhar malicioso
Põe com malicia a sua boina maruja
Mas se inventa uma caricia, nao ha mulher que lhe fuja
Uma madeixa de cabelo descomposta
Pode até ser a fateixa de que uma varina gosta
Sempre que passa um marujo portugues
Passa o mar numa ameaca de carinhosas marés

Sempre que passa um marujo portugues
Passa o mar numa ameaca de carinhosas marés"

terça-feira, janeiro 02, 2007

OUSADIA - Luis Bacca

Tem dias que dá uma saudade tão grande do meu amigo Bacca que o coração até dói... Nesses dias eu o releio, e releio, e releio....


OUSADIA
Luis Bacca

Como ousei a perguntar o cheiro do lençol
se ele só podia conter o teu perfume
Como ousei a perguntar qual o lado da cama
se o lado é nosso neste encaixe perfeito
Como ousei a perguntar com o que sonha
se o nosso sonho é único
Como ousei a perguntar como acorda
se o nosso primeiro pensar é do outro
Como ousei a perguntar como vai ser o teu dia
se o nosso dia bate na mesma pulsação
Como ousei a perguntar qual os seus problemas
se os nossos são tão parecidos
Como ousei a perguntar o que passa pelo coração
se o nosso coração tem as mesmas preocupações
Como ousei a perguntar o que faz ir em frente
se o nosso caminhar é a busca da felicidade
Como ousei a te desejar no meio da tempestade
se a nossa tempestade vai nos levar a calmaria
Como ousei a duvidar
se a nossa certeza é um sonho que ousei