terça-feira, dezembro 21, 2010

FEBRE TROPICAL

FRASE DO DIA
"Quem já provou o intenso sabor da paixão não se contenta com o morno hálito do companheirismo."
(Alma)





Que me queiras
Como um dia eu te quis
Sem razão,
Com paixão
Em delírios febris
Que me queiras.

Que me queiras
À flor da pele
Em arrepios
E mantenha a vida presa
Por um fio.

Que enlouqueça
Eu passeio nos teus sonhos, colorida
Pela vida
Meu perfume desliza no ar

Que eu te arda
Que eu te invada como as febres tropicais
Que me queira
Como um dia eu te quis
E quero mais.

(Lucinha Lins)

terça-feira, dezembro 14, 2010

UM ÍNDIO


Ela levantou o copo, levou à boca e numa fração de segundos o erro de cálculo fez com que parte da cerveja pingasse entre os seios e escorresse... Isso foi o bastante para levá-la a um passado não muito distante.

Quando ela era uma gueixa, uma prostituta, uma vadia que só pensava em sexo, ele chegou. Gueixas não são prostitutas, mas ela era as duas coisas. E gostava! Ah Deus! Como gostava! Seus clientes eram muitos, mas ele era especial. Falava pouco, mas seu silêncio era uma marca registrada. Um silêncio que falava tudo o que ela queria ouvir. Ele falava pouco com palavras, mas muito com os olhos, com cheiro que exalava, com as mãos... que mãos...

Há alguns anos ele não a visitava mais, mas sempre que ela fechava os olhos via aquele caminhar tão dele, sentia aquelas mãos tão quentes, aquele cheiro de tesão, e voltava a se sentir úmida só em lembrar.

Ele era especial, um índio que nasceu fora da sua tribo, um menino frágil e forte ao mesmo tempo, e muito humano, muito sábio. Ele conseguia tocá-la profundamente só em olhar. Era realmente um sujeito estranho, sabia pegar e mais*...

Mas um dia ele se foi. Ela não sabe bem se viajou, se morreu ou optou por voltar para o lado obscuro da sua alma.

Ela sente que o perdeu.
E ele se perdeu em si mesmo.


* citação de Sujeito Estranho, música de Oswaldo Montenegro