domingo, janeiro 28, 2007

PÊNDULO


Nunca entendi
Se você se apoderou
do pêndulo que falta
à minha busca de centralização
Ou
se eu nunca tive esse pêndulo...

quarta-feira, janeiro 24, 2007

SER POETA (Perdidamente)

Achado no blog ante et post



Foto achada na net, desconheço a autoria.

Se clicar aqui em Ser Poeta você pode ouvir a música.

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhas de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dize-lo cantando a toda a gente!

Interpretado por: Trovante
Música: João Gil
Letra: Florbela Espanca

domingo, janeiro 21, 2007

ANSIEDADE


Se me dizes: chego às nove.
Às seis já te espero, ansiosa, é horrível esperar.
Às sete ando a casa toda, todos os detalhes.
Às oito, além de andar a casa toda, consigo andar pelas paredes.
Às cinco para às nove, quem me encostar leva choque, fico elétrica.
Às nove, acho que morrestes ou te mataram, porque senão, quem te mata sou eu.
Às nove e meia, quase jogo tudo pela janela, de ódio.
Às dez tu chegas.
Cheio de desculpas.
Mas só de te ver,
Desmonto indefesa.

sábado, janeiro 20, 2007

SATISFAZER UMA MULHER


É tão fácil satisfazer uma mulher...
Porque os homens não sabem?
Ou sabem e não querem?

Tudo depende da soma
Soma-se vontade
À intuição...

A um pouco de romantismo
Soma-se duas velas
Brancas

A um pouco de habilidade
Soma-se dois pratos
Culinária diversa

A um pouco de harmonia
Soma-se música
Da alma

A um pouco de liberdade
Soma-se um vinho para relaxar
Libido

A um pouco de criatividade
Soma-se um telhado
Abandonado

A um pouco de previsão
Soma-se conforto
Um edredom

A um pouco de perspicácia
Soma-se prevenção
Preservativos

A um pouco de tesão
Soma-se, soma-se, soma-se
A união.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

DONO


Dono dos meus dias
Senhor das minhas noites
Que habita minha alma

Meu parceiro
Meu amigo
Meu cúmplice

Mão amiga nas noites quentes
Corpo que me aquece nas frias
Meu menino de olhos perdidos

Bicho da madrugada
Me amando
Me deixando livre para amar

Respiramos o mesmo ar
Queremos as mesmas coisas
Jogamos os mesmos jogos

Sempre e sempre
Assim se fez
Assim será.


OBS: "Dono", assim como a maioria dos poemas colocados nesse blog, foi escrito pensando no homem que tem sido meu companheiro de vida por mais de 20 anos.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

BEIJO DE SANGUE


Respirar não me saciava mais
Meu corpo precisava respirar fogo
Narinas dilatadas
Olhar atento

Farejo e sinto o gosto
Você em minha boca
Respiro pela boca

Seu pelo sente meu brilho
Ouço uivos lancinantes
Vindo de úteros vazios

Caminho farejando
O fogo do seu cheiro
Sem te ver

Sem me ver
Seus olhos ardem
Abre minhas narinas

Sente meu gosto
Sinto seu cheiro
Bichos sedentos

A Lua se esconde
O vento vira
E me pergunto

Você me deixará com seu gosto?
Ou se deixará trucidar
Mergulhado em beijos de sangue?

segunda-feira, janeiro 08, 2007

SONHAR


Gosto de sonhar...
Se me trancarem a porta da realidade
Fujo pela janela dos sonhos

Gosto de sonhar que vôo
Se não posso voar
Navego

Se ao navegar
Não puder ir
Eu ando

Se ao andar
Alguém me barrar
Eu imagino

E ao imaginar
Nada mais
Vai me deter

Posso ser
O que não fui
Mas um dia serei.

domingo, janeiro 07, 2007

A CORTESÃ


Os olhos dessa cortesã que insiste em me habitar
Vêem o tempo e através do tempo
Loucos como Van Gogh
Corta seus pedaços como orelhas
O fio do corte atinge toda sua pele
Todo seu corpo

Os olhos dessa cortesã
Sabe as paixões,
Sabe o fogo que vai na Alma
Tudo vira voz
Tudo vira som e música

Os gemidos da cortesã
É a voz gritada, presa,
Solta o som
O grito vindo do útero
Quer seu centauro preso
Quer libertar seu centauro
Num louco galope

Ah! Os olhos dessa cortesã
Galopam em cacos, pedaços mil,
A esparramar-se pelo mundo
Seus olhos querem a Alma
Sua Alma quer outros olhos

A mulher que habita essa cortesã
Ah! A mulher que habita essa cortesã
Uma louca Van Gogh
Uma louca de amor
Ah! Essa cortesã
Nunca será dominada
Nasceu do signo da paixão.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

MARINHEIRO & MOTOCICLISTA


Em que difere um marinheiro de um motociclista?
Em nada!
Amamos o vento e o espaço que nos faz plenos.
Amamos o risco e a energia de sentirmos a natureza próxima de nós.
Amamos o sal, o sol, as estrelas companheiras e os povos que conhecemos.
Amamos a dor, o cansaço, as cãibras e tudo o que nos faz sentir que estamos vivos.
Amamos nosso barco, nossa moto, nossos pés que estão sempre a nos levar a algum lugar.
Amamos ir e vir, içar velas, tocar o acelerador e acelerar.
Amamos ouvir o vento bater nas velas ou senti-lo no nosso corpo.
Amamos em cima de uma moto o que um marinheiro ama seu mar.

Melanie


Hoje ouvi essa música de Linhares Barbosa & Arthur Ribeiro e foi ela que me inspirou a escrever o texto acima.


MARUJO PORTUGUÊS
Linhares Barbosa & Arthur Ribeiro

"Quando ele passa, o marujo portugues
Nao anda, passa a bailar, como ao sabor das marés
E quando se jinga, põe tal jeito, faz tal proa
Só para que se nao distinga
Se é corpo humano ou canoa
Chega a Lisboa, salta do barco num salto
Vai parar à Madragoa ou entao ao Bairro Alto
Entra em Alfama e faz de Alfama o convés
Ha sempre um Vasco da Gama num marujo portugués

Quando ele passa com seu alcache vistoso
Traz sempre pedras de sal no olhar malicioso
Põe com malicia a sua boina maruja
Mas se inventa uma caricia, nao ha mulher que lhe fuja
Uma madeixa de cabelo descomposta
Pode até ser a fateixa de que uma varina gosta
Sempre que passa um marujo portugues
Passa o mar numa ameaca de carinhosas marés

Sempre que passa um marujo portugues
Passa o mar numa ameaca de carinhosas marés"

terça-feira, janeiro 02, 2007

OUSADIA - Luis Bacca

Tem dias que dá uma saudade tão grande do meu amigo Bacca que o coração até dói... Nesses dias eu o releio, e releio, e releio....


OUSADIA
Luis Bacca

Como ousei a perguntar o cheiro do lençol
se ele só podia conter o teu perfume
Como ousei a perguntar qual o lado da cama
se o lado é nosso neste encaixe perfeito
Como ousei a perguntar com o que sonha
se o nosso sonho é único
Como ousei a perguntar como acorda
se o nosso primeiro pensar é do outro
Como ousei a perguntar como vai ser o teu dia
se o nosso dia bate na mesma pulsação
Como ousei a perguntar qual os seus problemas
se os nossos são tão parecidos
Como ousei a perguntar o que passa pelo coração
se o nosso coração tem as mesmas preocupações
Como ousei a perguntar o que faz ir em frente
se o nosso caminhar é a busca da felicidade
Como ousei a te desejar no meio da tempestade
se a nossa tempestade vai nos levar a calmaria
Como ousei a duvidar
se a nossa certeza é um sonho que ousei