quinta-feira, julho 12, 2007

DIA DOS NAMORADOS



Ele estava pensando que seria uma comemoração comum, que íamos sair para um jantarzinho e terminar a noite em algum motel na periferia da cidade, mas daquela vez eu queria algo realmente especial, e como adoro montar "cenários" comecei a pensar alguns dias antes o que eu iria inventar dessa vez. E a primeira coisa que me veio à cabeça foi: Dessa vez vamos para um hotel lindíssimo e não um motel qualquer, pois vamos brincar de gente grande. E isso pedia uma decisão: eu teria que seqüestrá-lo.

Na véspera fui às compras e procurei os morangos mais bonitos, um champanhe especial, uma cueca preta de malha de perninhas - tipo canção sem sambar - e um conjunto de calcinha e sutiã pretos. Escolhi o hotel, mas não fiz reserva, pois sabia que fora de temporada ele não estaria cheio.

À tarde fui para o salão, fiz pés, mãos, depilação e ainda muito cínica pedi para que ele escolhesse a cor do esmalte. Na falta do preto optamos pelo café. Chegando em casa, coloquei a champanhe e a caixa de morangos para gelar, separei uma roupa bonita para ele. Embrulhei o presente especial que eu queria dar. Tomei duas latinhas de cerveja pra relaxar e não por tudo a perder antes da hora.

Tomei um banho super-hiper-caprichado, com direito a mil massagens de cremes nos cabelos e óleo no corpo. Escolhi uma roupa que sei que ele gosta, troquei as velhas e boas argolas de prata das orelhas por um par de brilhantes que herdei da minha mãe e me apresentei cheirosa e bonita. Vi um brilho de denúncia naqueles olhinhos infantis. Eles me confidenciaram que eu estava agradando.

Obviamente fui dirigindo já que se tratava de um seqüestro. Ele perguntando aonde íamos, já que o caminho dos restaurantes e dos motéis é outro, mas por ser surpresa não falei. Parei na porta do hotel e ele arregalou os olhos.
- Aqui? Ele perguntou.
- É! Aqui! Respondi.

No estacionamento decidi dar meu presente especial. Ele perguntou se eu não queria dar lá no quarto e respondi secamente:
- Não, pode abrir aqui mesmo...

Era um saquinho com um laço enorme e minha calcinha dentro. Ele abriu no estacionamento e começou a olhar em volta e rir meio sem graça. Aí eu falei baixinho:
- Depois devolve porque estou sem ela. Ele foi à loucura.

Subimos para o quarto, escolhemos o jantar, peguei o telefone e liguei pra cozinha. Além do jantar pedi que um balde com gelo viesse antes. Dentro de uma maleta tinha a champanhe, os morangos especiais, nossas duas taças e algumas velas perfumadas.

Quando o balde chegou arrumei a mesa, acendi as velas pelo quarto, coloquei os morangos em outras duas taças e enquanto esperávamos o jantar ele abriu o champanhe.

Fomos para a varanda conversar e namorar um pouco. Ele me abraçava por trás, eu passava a mão "nele" e ríamos.
- Puxa eu trouxe tudo isso para nós e você só trouxe o drops no bolso?

Ele respondeu:
- É drops de caramelo, quer?

No meio das brincadeiras na varanda toca a campainha, era o garçom com o jantar.

O que aconteceu depois nem preciso contar...



"Ah, esse cara tem me consumido
A mim e a tudo que eu quis
Com seus olhinhos infantis
Com os olhos de um bandido
Ele está na minha vida porque quer
Eu estou para o que der e vier"
(Cazuza)



NOTA: Postei hoje e não no dia dos namorados porque acho que quando se ama todo dia é dia de namorar.

quinta-feira, julho 05, 2007

SEI



Das minhas dores
Amores
Das buscas
Vãs

Dos meus medos
Corpos
Dos desejos
Segredos

Dos gritos
Inquietação
Minhas vontades
Estradas

Minhas buscas
Lancinantes
Bichos
Que espreitam

Sangue
Que cheiras
Vinho
Que bebes

Vontade
Que tens
Rastros
Que apagas

Indícios
Que me entorpece
Tesão
Que vivo

quarta-feira, julho 04, 2007

FOGO



Ele segurava
Entre as mãos
Seu cachimbo

Ela levava
Entre os dedos
Um cigarro

As fumaças se achando
Cachimbo e cigarro largados
El ees se amando...