sexta-feira, dezembro 07, 2007

MEU ORFEU


Homem adorado!

Agora que não estás,
Deixa que rompa o meu peito em soluços!
Te enrustiste em minha vida;
E cada hora que passa é mais por que te amar,
A hora derrama o teu óleo de amor em mim, amado...

E sabes de uma coisa?
Cada vez que o sofrimento vem,
Essa saudade de estar perto, se longe,
Ou estar mais perto, se perto, – que é que eu sei!
Essa agonia de viver fraca, o peito extravasado, o mel correndo;
Essa incapacidade de me sentir mais eu.

Tudo isso que é bem capaz de confundir o espírito
Nada disso tem importância quando tu chegas
Com essa charla antiga, esse contentamento,
Essa harmonia.
Esse corpo!

E me dizes essas coisas
Que me dão essa força, essa coragem
Esse orgulho de rainha...

Sem ti sou nada
Sou coisa sem razão, jogada,
Sou pedra rolada.
Coisa incompreensível!

A existência sem ti
É como olhar para um relógio
Só com o ponteiro dos minutos.
Tu és a hora, és o que dá sentido
E direção ao tempo.

A beleza da vida és tu, amado!
Quem poderia pensar que eu
Ficasse assim rendida aos teus encantos?

Vai teu caminho que eu vou te seguindo no pensamento
E aqui me deixo rente, quando voltares, pela Lua cheia,
Para meus braços sem fim...



NOTA: Texto adaptado do MONÓLOGO DE ORFEU - Vinicius de Moraes & Tom Jobim

2 comentários:

Daniela disse...

Lindo o seu blog !!!
Te encntrei no x tudo !!

Alma disse...

Olá Daniela!

Se gostou, volte sempre ok?

Beijos