Ela levantou o copo, levou à boca e numa fração de segundos o erro de cálculo fez com que parte da cerveja pingasse entre os seios e escorresse... Isso foi o bastante para levá-la a um passado não muito distante.
Quando ela era uma gueixa, uma prostituta, uma vadia que só pensava em sexo, ele chegou. Gueixas não são prostitutas, mas ela era as duas coisas. E gostava! Ah Deus! Como gostava! Seus clientes eram muitos, mas ele era especial. Falava pouco, mas seu silêncio era uma marca registrada. Um silêncio que falava tudo o que ela queria ouvir. Ele falava pouco com palavras, mas muito com os olhos, com cheiro que exalava, com as mãos... que mãos...
Há alguns anos ele não a visitava mais, mas sempre que ela fechava os olhos via aquele caminhar tão dele, sentia aquelas mãos tão quentes, aquele cheiro de tesão, e voltava a se sentir úmida só em lembrar.
Ele era especial, um índio que nasceu fora da sua tribo, um menino frágil e forte ao mesmo tempo, e muito humano, muito sábio. Ele conseguia tocá-la profundamente só em olhar. Era realmente um sujeito estranho, sabia pegar e mais*...
Mas um dia ele se foi. Ela não sabe bem se viajou, se morreu ou optou por voltar para o lado obscuro da sua alma.
Ela sente que o perdeu.
E ele se perdeu em si mesmo.
* citação de Sujeito Estranho, música de Oswaldo Montenegro
"Depois de tantas mentiras posso voltar a acreditar na minha intuição, pois jurar que nunca teve nenhum caso não foi uma mentira, foi apenas mais uma mentira."
Michel how's life are you ok I wonder if you ever think of me It's been 9 years since that kiss I can help but reminisce Hey Michel do you remember We walked the street to the beach Hand in hand you and me Smiling faces so in love Hoping that they all could see That we belong together you and me against the world But we found out the hard way 'cause it wasn't meant to be Now it's you and her I see You were my first and worst love And so it only could go wrong But ain't that just the way you learn Hey Michel I just wanted to let you know That someone else has stolen my heart And now another girl has caught your eye That doesn't mean I don't think of you I am just hoping that she'll treat you right Do you remember How we walked the street to the beach Hand in hand and you and me Smiling faces so in love Hoping that they all could see That we belonged together you and me against the world But we found out the hard way cause it wasn't meant to be Now it is you and her I see It was just a silly dream Hey Michel do you remember...
TRADUÇÃO ei Michel, como está a vida? você está bem? eu me pergunto se você alguma vez pensou em mim fazem 9 anos desde aquele beijo eu não posso evitar relembrar ei Michel, você se lembra? nós andavamos na rua até a praia de mãos dadas, eu e você rostos sorridentes, tão apaixonados a espera de que todos pudessem ver que nós pertencíamos um ao outro, eu e você contra o mundo mas nós descobrímos da maneira difícil que não era para ser assim agora é você e ela, eu vejo você foi meu primeiro e pior amor e então isso só poderia dar errado mas não é daquele jeito que você aprende ei Michel, eu só queria que você soubesse que outro alguém roubou meu coração e agora outra garota é dona dos seus olhos o que não significa que eu não pense em você eu só espero que ela te trate bem você se lembra como nós andavamos na rua até a praia de mãos dadas, eu e você rostos sorridentes, tão apaixonados a espera de que todos pudessem ver que nós pertencíamos um ao outro, eu e você contra o mundo mas nós descobrímos da maneira difícil que não era para ser assim agora é você e ela, eu vejo foi só um sonho bobo... ei Michel, você se lembra?...
NOTA: Todos temos um Michel na vida. Aquele que poderia ter sido, mas não foi... Tem um dia (e esse dia pode demorar, mas chega) em que as máscaras caem, que as mentiras veem à tona e que o silêncio se faz por absoluta falta de argumentos convincentes. Tem coisas que são explicadas no seu devido tempo. Se não são, o tempo passou...
Diz um sábio provébio chinês: Antes da hora não é hora. Depois da hora já passou da hora. Só é hora quando é hora.
E a hora chegou...
Ei "Michel" você se lembra?
MY HEART WILL GO ON Every night in my dreams I see you, I feel you.
That is how I know you go on.
Far across the distance and spaces between us
You have come to show you go on.
Near, far, wherever you are.
I believe that the heart does go on.
Once more, you open the door
And you're here in my heart.
And my heart will go on and on.
Love can touch us one time and last for a lifetime.
And never let go till we're gone.
Love was when I loved you, one true time I hold to
In my life we'll always go on. Near, far, wherever you are.
I believe that the heart does go on.
Once more, you open the door
And you're here in my heart.
And my heart will go on and on.
You're here, there's nothing I fear.
And I know that my heart will go on.
We'll stay forever this way.
You are safe in my heart.
And my heart will go on and on.
Alma Indecente foi um espaço que criei para ele. Poucas vezes lido, a não ser quando eu avisava para ele ler porque tinha escrito, ou descrito, meu amor para e por ele.
E aonde foi parar esse amor todo? Essa paixão que nunca acabaria, que seria algo para uma vida, para várias vidas?
Um dia ele chegou aqui, aonde moramos atualmente, e eu já estava. Na sala tinha um imenso: "SEJA BEM VINDO", pois ele era muito bem vindo na minha vida, na minha cama, no meu corpo, na minha alma (sempre indecente para ele) e em tudo que eu chamava de paixão.
E tinha uma declaração de amor que ficou atrás da porta do nosso quarto por muitos meses e era essa música:
SEM FANTASIA Chico Buarque
Vem, meu menino vadio Vem, sem mentir pra você Vem, mas vem sem fantasia Que da noite pro dia Você não vai crescer Vem, por favor não evites Meu amor, meus convites Minha dor, meus apelos Vou te envolver nos cabelos Vem perde-te em meus braços Pelo amor de Deus Vem que eu te quero fraco Vem que eu te quero tolo Vem que eu te quero todo meu
Ah, eu quero te dizer Que o instante de te ver Custou tanto penar Não vou me arrepender Só vim te convencer Que eu vim pra não morrer De tanto te esperar Eu quero te contar Das chuvas que apanhei Das noites que varei No escuro a te buscar Eu quero te mostrar As marcas que ganhei Nas lutas contra o rei Nas discussões com Deus E agora que cheguei Eu quero a recompensa Eu quero a prenda imensa Dos carinhos teus
Eu já ouvi essa música por tantas vezes... Chorei-a dezenas de vezes, ouvida repetidamente até a exaustão, sempre me perguntando "aonde eu errei?". Na época eu queria ser apenas a prenda imensa dos carinhos dele.
Mas o tempo passa e ele fez com que tudo se tornasse passado.
Hoje só existe desconfianças, mentiras, mensagens de celular lidas de espreita num bar qualquer. Diários violados que tiveram suas palavras soltas ao vento - algo que beira a um estupro da intimidade de uma mulher - e isso foi de uma dor que dia-a-dia tento suportar, tento sobreviver à ela.
Sexo não mais existe, amor é coisa do passado, "respeito" perdeu totalmente seu significado e paixão... Ah a paixão! Que me alimentou por anos, e que agora foi transmutada em fome e sede.
Sou assim: "Se não tiver paixão, se não tiver emoção, se não me arranca do chão...não serve."
Isso posto, ainda quero paixão, emoção e quero vida nova.
Este papel há muito não é escrito
É o amor que anda se esvaíndo entre os dedos
Como água, como fumaça, como algo apócrito*...
As labaredas que um dia arderam
Nem cinzas restou
Pois o vento as espalhou.
Não se mantém uma chama de dois
Se somamos três... ou quatro... ou...
Quando o dia amanhece e o negror da noite continua
E já não amanhece como amanhecia
Já não o amor tão bem feito como se fazia
Já não um brilho no olhar que existia.
Um adeus sem adeus
Um romper sem desamarrar
Um ir e o outro ficar.
Melanie
NOTA 01: Escrito em mais uma noite insone.
NOTA 02: *A palavra apócrito vem do grego Apokriktein (esconder), passando a idéia de algo escondido ou secreto. Designavam-se apócritos, inicialmente, os escritos que não eram lidos publicamente nas igrejas, mas só em segredo, isto é, em grupos particulares, em círculos religiosos mais restritos. Depois os "religiosos", definiram apócritos, como sendo "escritos não autênticos". (Achado em Diário de um Juíz)