terça-feira, dezembro 12, 2006

ERA UMA VEZ...


João sempre quis muito que tudo fosse diferente na sua vida...

Ele era casado há mais de 15 anos e apesar de não pensar em traição, sempre pensou numa forma de fazer sexo diferente daquele "café com leite morno", daquele "pão com manteiga que qualquer bar de esquina oferece". Sempre pensou em algo culturalmente aceito, mas que fosse diferente na cama.

Chegou em casa e sua esposa não estava, encontrou um bilhete dizendo:

- Minha amiga Carolina está para dar a luz e estarei com ela, o telefone dela é xxx-xxxxxxx.

Abriu a geladeira, um pote com arroz, um com feijão e outro com restos do almoço, mas o que chamou a atenção foi uma garrafa de vinho tinto, um português de boa estirpe que um amigo havia deixado na casa dele num dos enfadonhos bate-papos com amigos.

Descartou os restos de comida, pegou uma das taças que Ana nunca permitia que ele "sujasse" e virou o vinho. Pensou: "mas que desperdício, não beberam nem um copo de um vinho tão bom".

Foi até a sala, apagou as luzes, deixando apenas a luz do aparelho de som, pois hoje sua casa era só sua. Buscou uma música compatível com o vinho.

Maysa começou a cantar ne me quitte pas e o vinho... Acende um cigarro. E se estica no sofá.

Bebe um copo, dois, três... e vê Ana chegando...

Vinha com um vestido preto colado no corpo que ele não sabia bem se era cetim ou seda, cabelos presos por um desses pauzinhos japoneses, uma sandália dourada e um xale que ele nunca soube se era da avó espanhola, ou de alguma puta portuguesa. Mas estava linda...

Nisso o CD começa a tocar la vie em rose e ela misteriosamente não fala nada, ele nada pergunta, pois sabe que ela estava com a parideira Carolina.

Ela pega seu maço de cigarro, seu isqueiro, acende um e traga - Mas Ana nunca fumou - se senta na poltrona, bem na sua frente e calmamente desamarra as sandálias. E ele gosta disso. Apenas olha intrigado.

Ela levanta um pouco o vestido e ele pensa "maldição! Porque não mantive as luzes acesas? Pouco vejo, só me sobrou a luz do luar". Mas na penumbra, pois não tem coragem de se levantar e estragar algo que imagina que será muito bom, consegue identificar que "sua" Ana tira a calcinha.

Isso o deixa estático! Nada consegue fazer, suas pernas e vontade não o obedecem.

Ela tira o copo de vinho das mãos geladas dele, bebe alguns goles e molha o dedo médio no líquido. Desce a mão e se toca, e o contato do vinho lhe arranca gemidos.

Ele quer ter alguma reação, mas só consegue deixar seu braço cair, cai sua mão ao colo.

Ana alterna o dedo no copo de vinho e no ato de se tocar.

Ele sente que sua mão caiu no colo e que algo pulsa em baixo dela.

Tenta desesperadamente se livrar das calças usadas o dia todo no trabalho e daquela cueca que vive a lhe reprimir. E depois de muito esforço, consegue.

E Ana cruelmente na sua viagem, vinho e clitóris...

Os sons de Ana são os mesmos sons dele, ritmos idênticos, desejos máximos explodem!

Acorda no sofá, no meio da noite, gelado de frio, todo sujo de uma gosma seca e só com a camisa, mas foi tão bom...

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