sábado, dezembro 02, 2006
A PRAIA - Conto
Acabo de acordar, parece que, de um sonho muito comprido. Olho em volta e não reconheço nada; nem o mar, nem esse lugar, nem eu mesma.
Acabei de acordar, meus olhos estão inchados e deve ser por isso que essa paisagem me é muito estranha. Estou numa praia, a areia é muito branca, tem uma toalha bem grande no chão, dois copos, algumas garrafas de vinho e flores em volta da toalha.
O sol nasce e é assim que me sinto também, nascendo.
Não sei como vim parar aqui, mas vejo um caminho bem estreito entre os arbustos. Por esse caminho vem vindo alguém, mas não me assusto, sinto que o conheço. Talvez não seja tudo totalmente estranho, essa pessoa talvez esteja perdida em alguma dobra do meu cérebro. Quem sabe?
Acabo de acordar e parece que a memória acorda também, lentamente como eu. Olho essa silhueta vindo na minha direção. Seu jeito de andar, seus cabelos ou talvez seja apenas a forma como passa a mão por eles, me reporta a um passado que não passou totalmente.
Fecho os olhos e as lembranças aos poucos me vêem. Lembro do cheiro e dos carinhos que me fazia, lembro do calor do corpo e de como fazíamos amor com tanto desespero; como se pressentíssemos que a vida ia nos separar. Lembro do tanto que me acariciava e do tanto que eu queria. Lembro do peso da sua mão na minha barriga e da risada gostosa que dava quando eu brincava com seu umbigo.
Lembro...
E as lembranças me vêem chegando aos poucos, tão lentas como seus passos.
Sinto que ele vem por entre os arbustos do estreito caminho, vejo uma sombra e pressinto ser...
Sua. É isso que fui, é isso que sempre vou ser. Sua.
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