sábado, dezembro 16, 2006
BANHO - Conto
Ela se sentia feliz...
Esteve com ele...
Só com a voz dele, mas esteve.
Chegou em casa, pegou uma cerveja bem gelada e foi tomar banho. Adora tomar cerveja gelada em baixo da água bem quente. O corpo dela é só prazer com o quente externo e o frio interno.
Liga o rádio.
Nem acredita quando começa a tocar Norah Jones - Don't Know Why e onde quer que esteja essa música a leva a ele.
Deixa a água quente escorrer pelo corpo e pensa nele, lembra daquela voz com tom de entranhas de tão profunda, lembra do seu sorriso e imagina que ele ri com os olhos fechados, mas porque fechar o que ele tem de mais transparente, de mais Alma?
A água escorre pelos seus cabelos e seu corpo que se sente acariciado por ele. É como se ele estivesse pensando nela e ela conseguisse sentir isso. Ah! Como ela queria ele nesse banho...
O colocaria em baixo d'água aquecendo e depois correria um fio de cerveja gelada pelas suas costas, abaixaria bem rápido para bebê-la quando a cerveja chegasse na bunda. Levanta os cabelos encaracolados e compridos e a água quente do chuveiro bate na nuca, isso arrepia. Sente o bico dos seios eriçando e sonha que é ele e sua boca quente brincando com sua nuca... Toca-se, seu corpo tem urgência. Fecha os olhos, o chama e sente-o chegando de longe, bem longe...
Agora são as mãos dele, e não as dela, que tocam seu corpo e lentamente se entrega àquelas mãos, sente o calor do corpo dele mais quente que a água. De olhos fechados eles sorriem, toda a magia está nos olhos; toda a magia está no beijo, longo, doce, onde a saliva se mistura com a água e tudo escorre. Ela lembra da cerveja, pega e deixa escorrer pelas costas dele que leva um choque e geme; ela o vira e lambe; ele e a cerveja... Sente uma certa indecisão no corpo dele que não sabe se ri, foge ou se entrega, mas resolve se entregar e ela resolve brincar de lamber eternamente. Joga mais cerveja e dessa vez sua língua vai buscar no fio da coluna e desce acompanhando o fio do líquido. Os dois fios, a ponta da língua, o corpo dele são quatro elementos que se fecham um curto circuito. Ela abre suas nádegas e busca, e acha, e ele sente outro choque, e ela toca com a ponta dura da sua língua, e ele geme, e ela gosta.
Brinca e desliza a língua, passa por baixo sem desligar a língua do corpo dele e sobe. Enquanto a cerveja sai da lata tocando o mamilo, ela espera a cerveja que escorre, ele fica com sabor de tesão e cerveja. A língua dela sobe, entra no umbigo, sente os mamilos duros, passeia pelo pescoço entra na orelha, sai...
Um abraço, um ajeitar de um corpo dentro do outro e ondas de calor invadem seu corpo. Um mar feroz a possui, o vai-e-vem das ondas, o vai-e-vem do corpo dele dentro dela, a ânsia de querer, os movimentos da vagina apertando, e uma ferocidade que vem chegando lentamente. São seus próprios movimentos involuntários anunciando o poder de vida e morte, sua alma lhe foge e encontra a dele em algum lugar do etéreo num orgasmo louco e incontrolável.
Ela abre lentamente os olhos buscando onde está e sente a água quente descendo pelo seu corpo. Tem a sensação de paz e vê o resto da cerveja que ela não jogou em si mesma e bebe pensando nele e em como será quando ele estiver no lugar dos seus sonhos.
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