ACABOU

Esse blog chegou ao fim porque tudo um dia vira vida e quem gosta de passado é museu ou sebo.
O presente me atrai e o futuro é o que me faz querer estar viva.
Dá licença, meu senhor, mas fui ali viver porque a vida nos cobra um posicionamento mais seguro.
Ou se quer algo, ou não quermos mais, pois não basta colocar seus pés no barco, é preciso trazer seu coração a bordo, é preciso que vivamos a vida com emoção, com tesão. Só que o que mais acontece é que as pessoas se olham por um tempo indeterminado, às vezes por um longo tempo, e tudo está lá. Um lugar pra cada coisa e cada coisa em seu lugar, mas um dia chega e dispõe o proposto, com ou sem causa, e aí as pessoas se olham e nada mais está lá. Para onde foram? Por que foram? Voltam, ou jamais voltarão?

Essas pessoas estão próximas, mas não mais juntas, e por isso se olham como quem busca resgatar algo. Mas quando um vaso se quebra ele passa a ser apenas um vaso quebrado que deixou escapar tudo o que poderia existir, e às vezes também escapa o que existiu.

Mesmo assim as pessoas vão andando par em par. Talvez sem se darem conta de que um grão de areia pode quebrar um vidro sem muito esforço e que esses cacos só vão voltar a ser vidro íntegro com muito esforço, muito calor do fogo.

Um dia abandonamos os sonhos e com eles deixamos a vida abandonada. Um dia o colorido desbota e já não é mais tão vivo como foi...
Um dia a vida muda.
Um dia de muda.
Mais um dia silencioso.
Muda.

Aí sussurramos: Eu queria tanto... Porque algo tem que ser mais do que comer, dormir e trabalhar. Algo tem que ser mais do que sonhar com as férias para podermos vibrar em vida. Pois existe um viver, um querer...

E esse querer quando muito longe da realidade é porque a realidade é massacrante, mas já não podemos mais voltar, pois em tudo só permaneceu o silêncio.
E então esse blog, agora prenhe de ausências, silencia.